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Formatura de medicina que não aconteceu em Maringá ganha repercussão nacional

Suspeita de dar um golpe de cerca de R$ 3 milhões em mais de 120 formandos de medicina de uma instituição de ensino de Maringá, a empresa catarinense Brave se intitula como a “maior empresa de formatura de medicina do país“.

Em seu site oficial, a empresa ainda se descreve como especialista na realização desse tipo de evento.


Imagem: Reprodução

Com mais de 20 anos de atuação no mercado, o episódio envolvendo os estudantes da instituição de ensino de Maringá foi o mais polêmico da empresa, que ganhou diversas críticas e pontos negativos nas avaliações do Google, durante os últimos dias.

O fato ganhou repercussão nacional e foi veiculado em portais de notícias como o UOL e o R7. Já nas redes sociais, os internautas não pouparam críticas à empresa e o assunto se tornou muito discutido, sobretudo no Twitter e Instagram.

No Facebook, onde a empresa conta com mais de 50 mil curtidas em sua página oficial, os comentários nas publicações foram limitados, como mostra a imagem a seguir.


Imagem: Reprodução/Facebook

Na sexta-feira, 20 de janeiro, a empresa da capital catarinense emitiu uma nota aos formandos e à imprensa, dizendo que o projeto da formatura contava com um déficit orçamentário de mais de R$ 500 mil. Leia a nota na íntegra.

“A BRAVE FORMATURAS, em consonância com seus princípios e valores, vem a público esclarecer os fatos relacionados ao evento ocorrido na data de 19.01.23 (Jantar de Formatura) e o que irá ocorrer nesta, 20.01.23 (Colação de Grau), respectivamente, bem como, o evento agendado para amanhã, dia 21 de janeiro, na cidade Maringá/PR. Considerando que cada projeto para realização de eventos de formatura tem orçamento próprio e gestão individualizada; Considerando que chegou a informação a esta empresa, nos últimos dias, que formandos desta turma, passaram a entrar em contato diretamente com os fornecedores e prestadores de serviços da Brave, relacionados aos eventos agendados para as datas acima, questionando as contratações já realizadas; Considerando que, após os contatos acima mencionados, tais fornecedores e prestadores de serviços, passaram a destratar e/ou modificar as condições de pagamento das prestações de serviços já contratadas, alterando todo o fluxo anteriormente definidos; Considerando ainda, que diante de tais condições impostas, somada ao déficit de projeto desta turma, que atinge saldo devedor superior a 530 mil reais, já com ciência dada em datas anteriores, inclusive com diversas sugestões não acatadas; Considerando ainda, o compromisso de transparência nas suas ações, buscando equacionar os percalços aludidos e repisados na reunião ocorrida hoje as 13 horas, pelo representante jurídico da Comissão de Formatura; E na intenção incansável desta empresa de buscar atingir seus propósitos, assim ofereceu como possível solução:
1) Manutenção da Colação de Grau prevista para data de hoje; 2) Para o evento (baile de formatura) previsto para amanhã, essa empresa sugeriu para a Comissão de Formatura, afim de equacionar o imbróglio em questão: 2.1) Adequação da Formatura para utilização de buffet próprio da Brave (e não terceirizado, como havia ocorrido); Substituição do show principal por outra atração; (…) Contrapartida de cada Formando (para ajuste no cardápio a ser executado pelo pessoal da Brave): Integralização de R$ 2.500,00, até as 17 horas de hoje (via pix a ser informado); 3) Como a resposta da Comissão foi não integralização dos valores mencionados no item 2.1, a solução inevitável e mais adequada é o reagendamento do evento denominado “Baile de Formatura” para data futura e próxima, em condições a ser acordada com a Comissão oportunamente. Certos da compreensão, colocamo-nos inteiramente a disposição dos Formandos, representados pela Comissão de Formatura, para dirimir qualquer dúvida acerca dos fatos aqui relatados. Florianópolis, 20 de Janeiro de 2023.”

Ainda na nota oficial da empresa, há um pedido de contrapartida de cada formando, no valor de R$ 2.500, para que o jantar pudesse ser realizado. Porém, desde o início da organização, cada formando teria pago cerca de R$ 25 mil pela festa, ao longo de seis anos do curso de medicina do centro universitário de Maringá. Ao todo, o valor da formatura teria custado aproximadamente R$ 3 milhões.

Nas redes sociais, a empresa afirma ser “um centro de negócios feito de pessoas apaixonadas em proporcionar experiências únicas e espetáculos que excedem todos os sentidos.”

“A Brave é muito mais que a maior empresa de formaturas de medicina do país. Somos um centro de negócios feito de pessoas apaixonadas em proporcionar experiências únicas e espetáculos que excedem todos os sentidos.

Para criar memórias duradouras, a equipe multidisciplinar da Brave é focada em buscar ações integradas, criativas e inteligentes, aplicando suas especialidades com excelência em cada detalhe. Tudo para possibilitar uma entrega singular nas áreas de atuação.

Todo o time e estrutura tem a liderança do CEO Rafael Brogni, um jovem gestor e empreendedor reconhecido pelo amplo conhecimento administrativo e experiência na execução e gestão estratégica de grandes eventos, tornando-se referência no mercado de entretenimento do Brasil.”

Em seu perfil no Twitter, o jornalista Chico Alves, colunista do UOL, havia denunciado outro problema envolvendo a mesma empresa de formatura, com uma turma de formandos da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Rio de Janeiro, em dezembro de 2022.

Ainda no Twitter, internautas e pessoas que iriam participar da festa dos formando de Medicina em Maringá comentaram o fato.

A equipe de reportagem do GMC Online entrou em contato com a empresa Brave e aguarda retorno.

GOLPES EM FORMATURAS DE MEDICINA TÊM SIDO REGISTRADOS NO PAÍS

O caso em Maringá vem na esteira de outro golpe de repercussão nacional. Alunos de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) tiveram o dinheiro da sua festa de formatura desviado por Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, que presidia a comissão da turma. Os alunos criaram neste domingo, 22, uma vaquinha online para tentar arrecadar os R$ 927 mil perdidos e viabilizar a comemoração. Para incentivar as doações, os estudantes estão oferecendo convites para a festa para quem doar a partir de R$ 1,5 mil.

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